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de: Shakil Y. Rahim
A cegueira parietal da arquitetura de Souto de Moura, encontra, por aberturas no teto ou por luz de pátio, soluções de entradas de planos de luz que intersetam a tridimensionalidade da caixa. Desta forma, a luz-lâmina como plano de intersecção substitui a luz-buraco. As fontes de luz natural conjugam-se com pontos, focos e cones direcionais de iluminação elétrica, encastrados nos tetos como se percebe nos desenhos das Casas Pátio de Matosinhos (Fig. 7), ou de baixo para cima nos pavimentos, como na Casa em Moledo (Fig. 8).
Por isso, apesar das poucas janelas, a gestão de luz é uma estratégia espacial e perspética: “Para mim a luz tem a mesma importância que o espaço; não existe arquitetura sem luz, não existe uma arquitetura escura, negra. Não se pode viver na escuridão” (Souto de Moura, 2008, p. 74). Com este princípio, a física e a fenomenologia da luz são organizadas por sombras próprias e projetadas sobre a espessura e a textura dos materiais e acabamentos, que lembram a luz sensorial de Peter Zumthor. O elogio da sombra nos desenhos dos Cadernos Azuis, passa pela expressão gráfica da variação de luz, pelos efeitos de profundidade entre planos de observação e pela análise do peso visual. Como refere Souto de Moura “interessam-me muito os livros sobre a cultura japonesa – que falam de luz, sombra e penumbra – e creio que são fundamentais para projetar arquitetura” (Souto de Moura, 2008, p. 69).
A gravidade e o peso do granito ou do betão armado são contrapostos por planos de vidro, e por grandes vãos que pretendem suspender as massas através das transparências que abrem a caixa: “a forma já não segue a função, a forma segue a representação” (Bandeira, 2011, p. 17).
(…) Em formato compacto, portátil e livre, os Cadernos Azuis de Eduardo Souto de Moura investigam os elementos físicos e concretos da arquitetura, como paredes, tetos, pavimentos, fachadas, janelas, cérceas, implantações, acessos, escadas, mobiliário e muitos outros aspetos locais, funcionais e construtivos, sem perder a expressão artística dos princípios de composição e de estrutura visual que permitem a universalidade da experiência arquitetónica.
A antologia de textos O Desenhador 2 - Interseções entre Desenho de Observação e Desenho Arquitetónico é a natural sequência do volume anterior, publicado em 2018, com o título O Desenhador: Estudos Cognitivos, Artísticos e Fenomenológicos. Prossegue desta forma a minha investigação centrada nos processos, meios e modos de desenhar como actividade do pensamento e da cognição humana, e das interligações entre os recursos da percepção, da atenção e da motricidade com a criatividade visual e espacial do desenhador.
ISBN | 9789899198043 |
Chancela editorial | Edições Ex Libris ® |
Data de publicação | 31/07/2024 |
Idioma | Português |
Formato (fechado) | 150 x 230 mm |
Tipo de encadernação | Capa mole (brochado) com badanas |
N.º de páginas | 276 |
Ilustrações | Eduardo Souto de Moura (capa) |
Grafismo da capa | Ângela Espinha |
Paginação gráfica | Alda Teixeira |
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