João Rangel de Lima, natural de Lisboa, fez os seus estudos na mesma cidade e licenciou-se em Engenharia Electrónica no I.S.T.
Quem diria que se iria dedicar a escrever peças de teatro e romances? Sim, quem diria... No entanto, vemos que Miguel Torga era médico, Eça era licenciado em Direito, Camilo andou entre Direito e Medicina e Jorge de Sena era Engenheiro Civil. Escrever não exige carteira profissional... felizmente.
Trineto dum escritor teatral - Francisco Rangel de Lima - terá herdado os genes do trisavô. Quem sabe? Na verdade, o teatro sempre o apaixonou e, no Liceu Camões, professores como Vergílio Ferreira influenciaram-no a aventurar-se no mundo da literatura para além da cartilha oficial. Descobriu Eça de Queiroz, Camus, Beckett, o grande Fernando Pessoa, Oscar Wilde, Steinbeck...
Nunca considerou o mundo da Arte e da Ciência incompatíveis, mas antes mutuamente inspiradores. Sempre considerou que, quer na Engenharia, quer na Escrita, a criatividade era, em ambas, fundamental.
Como não conseguiu saída profissional criativa na Engenharia (só uma breve incursão, com o saudoso Eng.º Jaime Filipe, na investigação da prótese de uma mão que abortou por corte no subsídio), procurou-a na Matemática, criando um programa pioneiro de matemática para o ensino básico no Externato As Descobertas, em que acaba por se fixar, dedicando-se a construir, com uma equipe de heróis, uma Escola digna desse nome.
Assume o cargo de Director Pedagógico sob o desígnio da tal criatividade. Uma escola sem criatividade é um Diário da República. Com o Teatro e a Matemática sempre a pulsar em sincronia, o autor com os seus alunos vai vivendo nos dois mundos e usufruindo das intersecções. Clubes de Teatro para alunos e ex-alunos são o sonho em movimento.
Retrospectivamente, a publicação do primeiro livro, Vamos, agora, fazer uma peça que se perceba, só podia acontecer e durante a merecida e proveitosa aposentação. Tomando-lhe o gosto, publica Os Pássaros Não Têm Orelhas (peça de teatro) e o primeiro romance - nova aventura - Não Mates a Mãe de Desgosto.
O que se seguirá? Bem, “as coisas acontecem antes de acontecer”, como disse Clarice Lispector.