A Decisão
D. João I em Alhos Vedros – Julho 1415
de: Francisco José Noronha Santos
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Sinopse
«(…) diz o cronista Gomes Eanes de Zurara na Crónica da Conquista de Ceuta (Capítulo XLVII): (...) Os Infantes logo que chegaram ao Restelo, como já ouvistes, falaram logo entre si sobre o que deviam fazer acerca dos seus feitos, concordaram que era bem que fossem falar a seu pai, o que logo na noite seguinte fizeram, pois, pouco depois da meia-noite, mandaram aprestar os batéis e foram a Alhos Vedros, de tal modo que, de manhã, estavam com o seu pai, a quem encontraram muito triste e vestido de panos pintados. E quando (o rei) também viu os filhos vestidos de burel, cresceu na sua vontade uma muito dolorosa lembrança da Rainha sua mulher, e com ele estava o Conde de Barcelos, seu filho, e Gomes Martim de Lemos. Senhor, disseram os Infantes, pensamos vir aqui falar-vos acerca destes feitos, para sabermos de que maneira quereis proceder, e procedermos de acordo com o que soubermos que é a vossa vontade. Meus filhos, respondeu El-Rei, bem vedes o momento em que estou, que cuidados devem ser os meus, pensando em tão grande perda como perdi, cuja lembrança me traz tão grande tristeza, que não posso pensar noutra coisa. Porém, deixo-vos a vós o encargo, disse ao Infante D. Duarte, de que, com vossos irmãos e com todos os do Conselho, faleis acerca deste feito, e o que acordardes fazei-mo saber, para eu pensar nisso, e resolver o que me parecer melhor e mais proveitoso. E desde logo os Infantes tornaram sem mais detença para o Restelo.» (Alves, C., 1992, pp. 37-38)
