O Caçador de Brumas
Parte 3
O Capim arde verde
de: João Sena
Sinopse
“… há nesta narrativa, simultaneamente heróica e singela e que se desenvolve ao ritmo de um galope fluido e por vezes torrencial, uma estranha (di)sonância entre o que é narrado e o que, nessa narração, omitido embora, se insinua. De facto, sendo o autor um militar que viveu a dolorosa experiência da guerra, ele obstina-se na intencional omissão desse cruento período. Sabemos bem, porém, como se nos pega à alma aquilo que insistimos em afugentar – há, por via dessa obsessiva negação, uma presença em bruma desse fantasma obsidiante. E, nessa medida, é paradoxal o estatuto do autor: ele não é um romancista, como outros, da guerra colonial, porque simplesmente ele nada escreve sobre ela, mas, paradoxalmente, não deixa de o ser, sem dúvida, uma vez que é sobre tudo o que a envolveu e, de algum modo, a motivou, que ele realmente escreve. E esta espécie de interdito emocional que lhe flagela o coração, de tão flagrante e ostensivamente evitado, o que faz é realçar o que, assim, se quereria apagado. Dir-se-ia, pois, o seguinte: o militar que mora no autor João Sena é indissociável da guerra que viveu…” (Antunes de Sousa)