Novembro e as Romãs que lhe Levo
Poesia
de: Baião Modesto
Sinopse
O autor, neste sexto livro de poesia que publica, escreve na badana da contracapa, em jeito de arte poética, o seguinte:
Quando é que vou ter
a meia-noite da noite
do pé em fuga da sala...
e calçar-te, Poesia, o sapato
depois!
Entramos, assim, no mundo da Fantasia, e com letra maiúscula; porque desta Fantasia sai uma “realidade” que anda escondida, descalça, esperando que lhe tragam o sapato perdido algures. É esta a função do Poeta, encontrar, na mais inesperada situação, a mais inesperada realização poética, e cumprir-se. O resto é com a Língua, neste caso a Língua Portuguesa. Saber arrancar das palavras o significado que ainda não lhes foi dado, sob o apoio dum significante musicalmente “prenhe”...
Por isso o Poeta diz:
O rasgão do verso tira
as cataratas dos olhos.
E presta homenagem à Língua Portuguesa (que tão mal tratada anda!)
Começar por esse Janeiro longe,
ignorando o teu colo no Lácio...
a dificuldade agora surge
da memória - o tempo viático!
Vai imbricando-se o vocabulário...
entrincheiram-se os morfemas
na Língua, o que é extraordinário
Amor. Pai, avó, avô, filhas, mãe, irmã e mais.
Herdámos-te a Sede e a Ânsia
com as Raízes saindo da Terra,
em várias formas; variando-se as aves
onde a Memória ganhou importância.
Prende-nos o Mar que aí se requebra,
porque Dizer Saudade soa a Alarme!