Até ao lavar dos Cestos
Doçuras e Agruras da Terceira Idade
de: Zépestana
Sinopse
Este livro recolhe uma selecção de cartoons publicados, ao longo dos últimos anos, numa página do Facebook, sob o título Os Grisalhos. Descreve triviais episódios domésticos de um casal de aposentados, com os seus altos e baixos. Por isso, aditei à epígrafe o subtítulo Doçuras e Agruras da Terceira Idade.
Hoje, talvez não o fizesse. Sobretudo depois de ter lido o que escreveu Ariano Suassuna: “Terceira idade é para a fruta: verde, madura e podre”.
Já tendo dobrado, eu próprio, os três quartos de século, constrange-me que alguém se atreva a comparar-me, mesmo metaforicamente, a um pêssego bafiento e amachucado, tresandando a mofo. Esta visão decadente do último ciclo da vida está nos antípodas do que pode e deve ser um envelhecimento digno, activo e saudável.
Assim o entendeu a ONU, promotora da “Década das Nações Unidas para o Envelhecimento Saudável”, agora em curso, para fomentar melhor qualidade de vida à população idosa. Tal propósito deve merecer, entre nós, especial atenção: Portugal é apontado como o 4.º país do mundo que mais depressa envelhece.
Oxalá este livro agrade aos “jovens dos 7 aos 77 anos”, pelo menos.
Mas ninguém levará a mal que o dedique, em especial, aos meus antediluvianos comparsas e contemporâneos, na esperança de que um ou outro sorriso possa revigorá-los, diverti-los, aliviar-lhes a ciática, livrá-los do catarro e fazê-los esquecer os bicos de papagaio.
Porque o humor tem um reconhecido efeito balsâmico, aliviando tensões e promovendo a bonomia e o bem-estar, fortalecendo a saúde mental, despertando sentimentos positivos e reforçando os laços sociais.
Razão tinha Vasco Santana, na pele de um recém-licenciado em medicina (A Canção de Lisboa, 1933), quando assumia, não sem prosápia, ter inventado a “alegroterápia”, logo justificando: como “curar a valer / difícil é conseguir, / então, morrer por morrer, / que seja a rir”.