Flores de Cardo
Poesia
de: António A. Moreira Carneiro
Sinopse
Lembro-me de há muito tempo ler – creio que em Celso Emílio Ferreiro - que se calhar a Poesia é indefinível e, ao mesmo tempo, todas as definições que dela se façam têm um indesmentível grau de validade porque abrangem essa Verdade aproximada da grande Verdade que é a Poesia. Diante dessa dificuldade, atrevo-me a definir como minha a poesia que eu próprio faço; quando quero ocupar-me do meu tempo – se o meu tempo se refracta em mim.
Às vezes ofereço-me para me dizer o que me vai na alma. Mas não me custa nada admitir que sou demasiado avaro no que respeita à aceitação das minhas próprias verdades.
Estes poemas, quiçá algo toscos, vão nascendo como uma espécie de desabafo, procurando legitimar a comprovação de uma necessidade de contínuo apaziguamento. Quis parecer, neste livro, um pouco irónico - a verdade é que não consegui porque, de facto, não é esse o modo de o meu estado de espírito coincidir com o que realmente pretendo sugerir ao espaço de leitura. Tenho medo de parecer algo imbecil.
Claro que é um alívio adestrar poemas sobre desarranjos que eu próprio me incito, que falam de desequilíbrios e da indispensável necessidade de a poesia se abrir a uma transcendência capaz de restituir esse desafio, muitas vezes desprezado, da reconciliação.
Contudo, devo recordar-me que quase sempre é o mundo que se abstém de me fazer as perguntas certas.