SignaPoesis
Uma Proposta de Tradução de Dois Textos de Fernando Pessoa
de: Isabel Sofia Calvário Correia, Pedro Balaus Custódio e Pedro Oliveira
Sinopse
O projeto SignaPoesis nasce após um desafio proposto a um intérprete de Língua Gestual Portuguesa (LGP) para apresentar uma tradaptação do poema Nevoeiro, da Mensagem de Fernando Pessoa no Instituto Politécnico de Coimbra, no dia da comemoração dos vinte anos da Lei 89/99 de 5 de julho, que rege as condições de acesso e o exercício da profissão de Intérprete de Língua Gestual Portuguesa. No entanto, e tratando-se de um empreendimento sem apoio financeiro, acabou por se difundir num projeto que faz apresentações e leituras performativas bilingues de poesia encenada, não tendo colocado de parte o seu objetivo e foco inicial.
Estas apresentações têm sido realizadas no Centro Cultural Penedo da Saudade em datas comemorativas e alusivas da comunidade surda portuguesa ou do Português. As escolhas poéticas para estas leituras têm vindo a incidir na poesia homónima e heterónima de Pessoa, tendo originado um ciclo de apresentações intitulado Descobrir Pessoa, onde os autores em cada exibição apresentam um heterónimo diferente da poesia pessoana.
As duas propostas incluídas neste livro partem de dois textos apresentados neste ciclo de apresentações. O texto A Carta da Corcunda ao Serralheiro, assinada por Maria José, o único heterónimo feminino de Fernando Pessoa, conhecido até hoje, deu início a esse ciclo. Foi esse, aliás, o motivo principal pelo qual optamos por abrir esta etapa à descoberta de Pessoa. O seguinte, Lisbon Revisited do heterónimo Álvaro de Campos constitui a segunda tradaptação capaz de levar o universo heteronímico pessoano até um público surdo. Assim, ambas as sugestões que aqui se descobrem constituem formas possíveis, e nunca exclusivas, de fazer transitar entre duas línguas o excecional, complexo e desafiante mundo poético de Fernando Pessoa. Esta tarefa está longe de estar terminada, pois cada texto nos impõe e reclama novas formas de o “lermos, vermos e interpretarmos”.