Correspondência Epistolar
entre o Bispo Português Manuel Nunes Gabriel e os Bispos da Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé
(1975-1996)
Volume 2
Introdução e organização por Ana Luísa Silva e Carlos Alberto Alves
Sinopse
«Esta publicação surge na sequência do livro que editámos em 2024, com 64 cartas e 2 telegramas, escrito pelo bispo português Manuel Nunes Gabriel (1912-1996) e pelo bispo angolano Eduardo André Muaca (1924-2002). Neste livro, com 38 cartas, 2 telegramas, 1 homilia e 1 comunicado que cobre o período cronológico entre 1975 e 1996, a correspondência reproduzida foi escrita pelo bispo missionário português Manuel Nunes Gabriel e 10 bispos da Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé (CEAST), entre os quais 1 é italiano, Pedro Luís Scarpa, 2 são portugueses, Francisco da Mata Mourisca e Abílio Ribas, e 7 angolanos, Manuel Franklin da Costa, Zacarias Kamwenho, Alexandre do Nascimento, Eugénio Salessu, José Puaty, Óscar Braga, Pedro Luís António.» Introdução de Ana Luísa Silva e Carlos Alberto Alves
«Todos os que passamos pelo Seminário, de Luanda na década de 40 e 50 guardamos uma recordação indelével do nosso bom Reitor.» D. Manuel Franklin da Costa
«Preocupa-nos a violência generalizada, sobretudo em certas zonas, e o tratamento de prisioneiros políticos.» D. Alexandre do Nascimento
«Tenho tido conhecimento de alguns graves acontecimentos na região do Huambo: ataque do Bailundo e rapto do irmão Francisco, carro armadilhado na própria cidade do Huambo e represálias sangrentas daí originadas, etc. Que o Senhor a todos traga em breve a paz.» D. Manuel Nunes Gabriel
«Dezanove anos são passados desde os acontecimentos de 1975. Muitos de vós, ou porque nascestes em Angola, ou porque tínheis adoptado aquela terra como vossa, contrariados tivestes que deixá-la, sofrendo na carne e alma aquela tragédia que se diria apocalíptica. As esperanças de breve regresso a Angola aos poucos se diluíram. Sobreveio a saudade, sobreveio resignação e os anos foram passando. Se ao menos os que lá ficaram vivessem em paz…, mas não. É por demais conhecida a tragédia angolana, escusamos de nos deter nela...» D. Zacarias Kamwenho, em Fátima
«Acabamos de viver, como já deve ter conhecimento, mais uma hora de dor com a emboscada que vitimou o mais novo dos Padres Saletinos – P. Leandro Volk –, um noviço e mais dois cristãos responsáveis; da viatura só escapou sem uma única beliscadela a Irmã Teresiana portuguesa – Adelina, que acabava de chegar de Portugal e voltava para a sua missão. Também a questão da luz é verdadeira, mas lá nos vamos remediando com a central do Biópio. É tudo consequência das ambições e falta de respeito à Pessoa Humana, embora todos se armem em defensores dela…» D. Óscar Braga
«De Maio a Setembro, Ndalatando viveu dias difíceis, cercada pela UNITA. Agora o cerco foi afastado, mas fome e miséria…» D. Pedro Luís Scarpa
«O Bispado foi destruído por completo e com todo o recheio, documentos, livros de registos de baptismos, etc., foram queimados e finalmente incendiaram o próprio edifício. Todas as casas religiosas foram destruídas, incluindo o Seminário Menor. Toda a estrutura da Igreja Católica destruída. Não temos lá uma casa capaz de nos receber. A própria cidade foi destruída, todos os quintais, jardins e certas casas serviram de cemitérios. Mesmo no Bispado foram enterradas 4 pessoas. Há muita coisa que aconteceu no Bié. As ruas também cheiravam a cadáveres porque não foram enterrados.» D. Pedro Luís António.